Era uma vez um homem



Hoje quero contar-vos um episódio que se passou na vida real, que pode parecer uma história triste mas na verdade assim não é. No meu tempo quando eu fui criança como vós agora sois, todas as histórias começavam assim, era uma vez um homem, era uma vez um menino, era uma vez um elefante, etc. E eu hoje quero contar-vos esta história como ouvia o meu pai e vosso avô, a contar as histórias dele que eram sempre muito engraçadas. Vós não o conhecestes, mas um dia havereis de querer saber mais sobre ele, e tereis a noção que não será preciso conviver com as pessoas para reconhecer o quanto elas podem marcar a nossa existência .Um dia vou falar-vos mais sobre ele, porque isto de ter dois avós tem que se lhe diga...mas vamos a história.
Era uma vez um homem que trabalhava longe de casa onde estava a sua família . Naquele dia ele ia regressar a casa depois de três semanas a trabalhar. Era o dia do pai e ele pediu ao seu chefe para o deixar sair um pouco mais cedo para poder estar com os filhos ainda naquele dia. O chefe compreendeu o quanto seria importante estar junto dos filhos naquele dia, e o quanto seria importante aos filhos poderem ver o pai.
Saiu feliz e determinado a chegar a casa antes de anoitecer, pois que tinha que conduzir sete horas sem parar para chegar a casa. Veio sempre muito feliz por regressar para estar junto dos filhos e quando já anoitecia chegou a casa. Os filhos ao vê-lo correram para ele e os três se abraçaram muito felizes e brincaram, pularam e sorriram.
Era o dia do pai mas os filhos não sabiam pois ninguém os tinha informado de tal. Eles tinham cerca de dois e quatro anos e ainda não sabiam por eles próprios o que estas datas significavam.
O pai viu em cima da mesa um postal , e teve a curiosidade de ler e verificar que era uma oferta dos filhos para o
avô, para comemorar o dia do pai.Pousou o postal no mesmo sitio e continuou a brincar com os filhos.
Tudo parecia bem com eles, continuaram a brincar felizes da vida.A um dado momento a menina que era mais velha disse, - Pai é tão bom estar contigo, porque andas sempre a trabalhar tão longe?
O pai ficou um pouco pensativo e respondeu,- eu não trabalho muito longe, cheguei aqui depressa porque hoje é o dia do pai e queria especialmente neste dia estar convosco.
- Mas pai, hoje não é o dia do avô?- perguntou a menina.
-Não, - respondeu o pai, -hoje é o dia do pai, e perguntou a brincar- Não tendes uma prenda para mim?
-Não , pai,- respondeu a menina tristemente.
-Não faz mal , eu gosto muito dos dois. O menino de dois anos saiu um momento e voltou logo de seguida com um postal na mão, e dirigindo-se ao pai disse, - toma pai é para ti.
O pai pegou no postal que já tinha lido em cima da mesa, que era uma oferta dos filhos para o avô e disse ,-Obrigado, eu sabia que iria ter uma prenda de vós, só não sabia que iria ficar assim tão feliz por receber a melhor prenda que um pai pode esperar , aquela que é verdadeira e dada com o coração. Eu sei os filhos maravilhoso que tenho.- E continuaram a brincar, felizes como sempre , sem o menino se aperceber da impressionante lição de dignidade e carinho que deu aos adultos. Todos em casa presenciaram a cena, mas só o pai e os dois filhos ficaram felizes...
E a história acaba aqui, uma história que parecia ir ter um final triste mas que crianças como vós a conseguiram tornar feliz.
|E no final o menino pergunta depois de ouvir a história,- Mas os filhos agora já cresceram?
-Sim, - responde o pai, - e são muito felizes, apesar de ainda continuarem a ser crianças.
-São felizes assim como nós?-Pergunta o menino.
Tal e qual, como nós os três,- responde o pai.
Que bom, -dizem as duas crianças .

Eduardo Mesquita.

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